May

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Crédito para a casa própria cai 5% no 1º trimestre do ano

 financiamento imobiliário, segmento do credito ao consumidor que mais cresce no pais, teve forte retração no primeiro trimestre deste ano, reflexo da diminuição da confiança na economia e da redução nos lançamentos e na atividade da construção civil.

De janeiro a marco, foram financiados com dinheiro da poupança R$ 24,070 bilhões 4,62% menos do que no mesmo período de 2014.

E a primeira retração para o período pelo menos desde 2002, quando se iniciou o ultimo ciclo de expansão no credito no pais.

Os dados serão divulgados nesta quinta-feira (30) pela Abecip (associação do credito imobiliário).

No período, foram financiadas 109.489 unidades queda de 11,6% em relação ao primeiro trimestre de 2014.

Desde 2002, só houve retração nas unidades financiadas nos primeiros trimestres de 2012 e 2013, mas em níveis bem menores: -0,48% e -2,1%, respectivamente.

A comparação por unidades exclui o impacto da alta nos preços dos imóveis no volume total financiado.

Poupança menor

A retração no credito imobiliário ocorre em meio a forte saída de recursos da poupança, principal fonte de recursos do setor. No ano, a caderneta já perdeu R$ 30,2 bilhões (ate dia 23, ultimo dado) em depósitos.

Diante de recursos escassos, a Caixa Econômica Federal fez dois reajustes nos juros cobrados e passou a priorizar os empréstimos voltados a baixa renda e a imóveis novos, vendidos pelas construtoras, especialmente dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. O banco estatal, que tem 70% do credito imobiliário no pais, trabalha com as menores taxas e agora só vai financiar ate 50% do valor de imóveis usados.

"Os números do primeiro trimestre acendem a luz amarela no setor, mas ainda e cedo para saber se haverá retração no credito imobiliário neste ano. Em parte, essa retração e explicada porque muitas construtoras adiaram os lançamentos e priorizaram a retenção dos clientes que já tinham", disse Marcelo Prata, presidente do Canal do Credito, site que compara taxas de juros.

Efeito minha casa

Segundo Robson Cury, vice-presidente de habitação do Sinduscon-SP (sindicato da construção), o credito imobiliário foi afetado no inicio deste ano também pelo atraso na terceira fase do programa Minha Casa, Minha Vida.

A expectativa e que as novas regras do programa saiam ainda no primeiro semestre.

O setor reivindica também uma liberação maior de recursos do empréstimo compulsório (parte dos depósitos retida no BC) para o financiamento de imóveis.

"Poderíamos liberar mais R$ 50 bilhões para o financiamento de imóveis só mexendo no compulsório. E uma forma de contornar a falta de recursos da poupança, enquanto não surgem novas formas de financiamento."

Por TONI SCIARRETTA

Fonte: Folha de S. Paulo Online, MERCADO via CTE

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