Jun
16
Pessimismo da construção é o maior em duas décadas
Os indicadores de abril do mercado imobiliário da cidade de São Paulo levantados pelo sindicato da habitação (Secovi), apontando para uma forte recuperação em relação a março e um pequeno alento comparativamente a abrilde2014, foram insuficientes para provocar uma melhora do humor de construtoras e incorporadoras, revelada pela sondagem feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em conjunto com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP).Os dados do Sinduscon foram os piores em quase 16 anos, desde que começou a pesquisa.
Em maio, a perspectiva de desempenho das empresas de construção caiu a 35,9 pontos, 19,7% menos do que em maio de 2014 é muito abaixo da linha média de 50 pontos, que separa o otimismo do pessimismo. O desempenho das empresas registrou 34,5 pontos e a maioria das companhias declara viver uma fase de dificuldades financeiras.
O pessimismo é alimentado pelo mau desempenho da economia - item que chegou ao nível baixíssimo de 12,4 pontos (-45,6% em relação a maiode2014)-,pelas pressões inflacionárias e pela demissão de 300mil empregados nos últimos 12 meses. Não só "falta confiança nos destinos da economia", como afirmou o presidente do Sinduscon-SP, José Romeu Ferraz Neto, como a situação é agravada pelo atraso do pagamento às empresas que atuam na faixa mais baixa do programa Minha Casa, Minha Vida.
Os números do Secovi tampouco atenuam o pessimismo: embora as vendas de 2.185 unidades novas na capital tenham crescido 72,5% em relação a março e 1,8% em relação a abrilde2014, os técnicos do sindicato acreditam que as vendas cairão de 15% a 20% entre 2014 e 2015 e os lançamentos,de23%a25%,para um intervalo entre 25,5 mil e 26,2 mil unidades.
Na pesquisa do Sinduscon, um único aspecto favorável pode ser destacado: os dados foram colhidos antes do anúncio de redução do depósito compulsório das cadernetas de poupança e da destinação de mais recursos do FGTS para o financiamento da moradia.
Mas as mudanças apenas revelaram que o governo não está alheio às dificuldades do setor, tais como o corte da oferta de crédito para a área imobiliária decorrente dos saques nas cadernetas de poupança. Quanto ao relançamento do Programa de Investimento em Logística, levará tempo para surtir efeito, se isso de fato ocorrer.
Fonte: O Estado de S. Paulo, Editorial Econômico,16/06/2015 - Via CTE
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