A Casa D`Agua - Fabricantes se preparam para ano negativo em material de construção

Jun

16

Fabricantes se preparam para ano negativo em material de construção

Fabricantes de material de construção têm revisado estratégias para enfrentar a baixa do mercado. Com o aperto do crédito, da renda e o aumento do desemprego, as empresas do setor se preparam para um ano negativo.

"É difícil acreditar que não teremos queda em 2015. Vamos nos esforçar para perder menos receita possível", afirma o superintendente do grupo Astra, Manoel Flores.

Detentora de três marcas de diferentes segmentos em material de construção e com um faturamento de cerca de R$ 671 milhões em 2014, a companhia projeta uma queda de 5% das vendas neste ano. "Todos os negócios da nossa indústria já sentem os impactos da retração da economia", destaca.

Para fazer frente ao ano difícil, a empresa deve apostar em novos produtos e nas exportações. "Não é fácil conquistar novos mercados, mas vamos concentrar esforços para ao menos manter a participação de 10% das vendas externas no faturamento", destaca o executivo.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Material de Construção (Abramat), Walter Cover, o segmento de materiais de base (como cimento) e também o de acabamento (revestimentos e metais sanitários) vêm apresentando retração em 2015.

"A situação da renda continua difícil e o medo do desemprego afeta a decisão de compra do consumidor. Além disso, o negócio imobiliário e de infraestrutura está muito ruim", diz Cover.

Para o ano, a entidade projeta uma queda do faturamento de 2% e o desempenho só não será pior graças aos materiais de acabamento. "Muitos lançamentos imobiliários ainda estão em fase final, o que impulsiona o segmento", pontua.

Enquanto isso, o negócio de materiais de base continua pressionado pelo desaquecido mercado imobiliário (shoppings centers, hotéis, indústrias) e de infraestrutura.

"Para 2015, esperamos um recuo de 4% das vendas neste segmento. Somente até maio, a queda foi de 15%", acrescenta o presidente da Abramat.

Para o diretor de marketing da Weber (fabricante dos produtos Quartzolit), Asier Amorena, hoje o setor não apresenta crescimento na comparação com os índices do ano passado. "O mercado brasileiro esfriou e a confiança do consumidor em relação à economia tem diminuído", pondera.

De acordo com o executivo, a estratégia da Weber para enfrentar o momento difícil vivido pelo setor passa principalmente por produtividade.

"O objetivo da empresa é absorver o máximo possível da taxa de inflação e dos custos, por meio da melhoria dos processos internos", afirma. "Assim, conseguiremos repassar o mínimo possível para o mercado", complementa Amorena.

O executivo salienta que a Weber tem maior foco em reformas do que em novas obras. "Em reformas, o Índice de Confiança do Consumidor tende a influenciar mais do que os ajustes do governo. Se a confiança subir, o nosso mercado reagirá positivamente", informa o diretor da Weber. Ele adiciona que o cenário para as compras ligadas a reformas deve apresentar uma reação a partir do segundo semestre.

Medidas do governo - Recentemente, o governo endureceu as regras para o financiamento de imóveis da Caixa Econômica Federal, tanto para residências novas quanto usadas. "A decisão deve afetar o setor porque o morador quase sempre faz algum tipo de reforma antes de se mudar", comenta Cover.

No entanto, ele acredita que a partir do segundo semestre os ajustes fiscais devem estar mais sedimentados. "Isso ajudará a restaurar a confiança do empresário, que deve voltar a investir", comenta.

O presidente da Abramat também acredita que o programa Minha Casa Minha Vida deva trazer algum alento para o setor. "Com a criação de uma nova faixa de renda, o mercado deve ter um novo impulso", relata o dirigente.

Segundo projeção da Abramat, as vendas para o segmento de infraestrutura e imobiliário devem recuar cerca de 5% neste ano. "O varejo irá impedir, novamente, uma queda maior da indústria de materiais de construção", informa.

Ele ressalta, porém, que o desempenho do varejo está longe do registrado em anos passados. "Ainda assim, alguns sinais de recuperação já começam a aparecer. Por isso, acreditamos que o segmento deve crescer entre 1% e 2% em 2015", revela Cover.

Por Juliana Estigarríbia

Fonte: DCI, Negócios, 16/06/2015 - via CTE

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