Aug

07

Preços dos imóveis registram queda, mas juros sobem

Com o fim da disparada dos preços dos imóveis e o mercado desaquecendo, muitos consumidores se questionam se esta seria uma oportunidade de bom negócio ou mais um momento de cautela. É hora de comprar ou de economizar?

Os preços estão mesmo caindo: segundo o índice FipeZap, o valor anunciado, descontada a inflação, teve queda de 4,94% nos 12 meses até julho.

Mas houve também redução do limite de financiamento para imóveis usados pela Caixa Econômica Federal e a elevação das as taxas de juros dos financiamentos imobiliários pelo Banco do Brasil.

Com o cenário desafiador, construtoras passaram a lançar promoções para estimular as vendas, anunciando descontos ou condições especiais de negócio.

Somando todos esses fatores, temos um cenário de oportunidade de negócios a preços mais baixos ou um momento mais difícil para o sonho da casa própria? Veja abaixo as opiniões de especialistas ouvidos pelo G1 para diferentes casos:

Os especialistas alertam que o momento atual requer muito cuidado em relação a endividamentos de valor alto e prazo longo como um financiamento imobiliário. Num ambiente de recessão, em que estão acontecendo demissões na indústria, nos serviços, financiar talvez não seja uma boa, diz o consultor e sócio do Minhas Economias, Paulo Sain. Ele afirma que pode ser perigoso assumir uma dívida grande e ter o risco de perder o emprego em seguida. Endividado e sem emprego fica difícil.

Alexandre Chaia, professor do MBA Executivo do Insper, tem o mesmo posicionamento. Hoje não é o momento de fazer dívida a longo prazo devido ao momento da economia. Você não tem certeza se vai ter a capacidade de pagamento futuro, diz.

Sain aponta que, para assumir um financiamento num momento como o atual, é preciso ter segurança de que não haverá desemprego. Se você for um funcionário público e conseguir achar uma pechincha, já que os preços tendem a se estabilizar ou até cair, como é um emprego estável pode até ser que consiga um bom financiamento, ressalva.

A taxa básica de juros da economia, a Selic,subiu pela sétima vez seguida no final de julho, para 14,25% ao ano. Paulo Sain aponta que o consumidor deve ficar atento aos juros mais altos, que podem aumentar consideravelmente o valor total do investimento. A Selic chegou a 14,25%. As taxas do financiamento também cresceram. Então na verdade o preço do imóvel pode ter até caído, mas o custo dos juros é maior, alerta.

Já para Alexandre Chaia, a alta dos juros não é o principal problema para quem quer comprar um imóvel. Os juros em si eu nem acho que é o grande problema, e sim a expectativa da economia. A pessoa que está pensando em comprar um imóvel está insegura com o futuro do país, se terá emprego ou vai enfrentar uma queda de renda, diz.

Chaia lembra que a dívida do aluguel é fixa e, se existe a oportunidade de se livrar dela, pode ser um bom negócio. Se a pessoa está juntando há muito tempo e tem uma parcela grande do valor, e se tem um custo de aluguel que vai continuar existindo ela perdendo o emprego ou não, é vantagem [comprar]. Afinal, tem muita construtora querendo dar desconto. Existe essa vantagem de um momento em que o comprador tem um poder maior, diz.

Sain concorda, diz que se a pessoa está pagando aluguel, tem uma situação estável, tem dinheiro para dar a entrada, talvez ela consiga achar uma boa oportunidade de compra.

Fonte: Tribuna Hoje, Economia, 07/08/2015 - via CTE

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